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Arquitetos: Langarita Navarro Arquitectos
- Ano: 2008
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Fotografias:Miguel de Guzman
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Fabricantes: VALMIERA GLASS
Descrição enviada pela equipe de projeto. Talvez mais que qualquer outra coisa, é o estranhamento das diferentes intenções encontradas no projeto de adaptação de La Serrería Belga para o Medialab-Prado que torna possível sua coexistência, embora com uma certa medida de ironia.
A primeira dessas coexistências cáusticas decorre a partir de uma certa esquizofrenia institucional. Enquanto o Paseo del Arte era transformado no cartão postal de Madri para atrair o turismo internacional, uma competição de arquitetura foi simultaneamente promovida na mesma área, visando servir uma instituição que promoveria debates críticos acerca desse modelo aplicado no Paseo del Arte. O Medialab se define como "um espaço para a produção, pesquisa e disseminação da cultura digital e para a confluência da arte, ciência, tecnologia e sociedade", e, em contraste com o modelo tradicional de exposição, promove a produção como um processo permeável, substituindo a figura do espectador pelo ator, ou a figura do mediador pela do facilitador de conexões.
La Serrería vs La Cosa é outro padrão de coexistência que, como um dialeto conflitante, facilita a ocupação do espaço intermediário entre os dois opostos além do conceito convencional de restauro. La Serrería Belga foi construída em várias etapas, começando em 1920 pelo arquiteto Manuel Álvarez Naya, e foi uma das primeiras realizações madrilenhas em concreto armado. Por sua vez, La Cosa é o nome que usamos para nos referirmos ao grupo de mecanismos, instalações e equipamentos que, quando montados, torna possível atualizar o edifício às necessidades atuais. Uma estrutura leve e articulada com aspecto pré-tecnológico que, infiltrada no edifício, possibilita um grande potencial de transformação. Em última instância, é a coexistência de opostos que torna possível pensar em um ponto intermediário entre esses interlocutores não como um produto consumado, mas como um processo aberto e versátil ativado por seus usuários.
Estas formas de coexistência criaram o escopo para algumas das estratégias aplicadas nessa adaptação:
- A apropriação do edifício existente, não como uma narrativa histórica, mas também como um contenedor de energia latente que se uniu ao projeto como um material efetivo.
- O tratamento não específico dos espaços. Essa condição resultou numa abordagem homogênea quanto às soluções materiais e à distribuição uniforme das instalações.
- Pensar na ação como uma estratificação com diferentes níveis de mudança com o passar do tempo. Sistemas construtivos leves facilmente desmontáveis foram escolhidos, assim como materiais cuja durabilidade e adaptabilidade não condicionassem as futuras transformações.
- Encarar cada nova intervenção como uma oportunidade de incorporar sistemas de apoio para ações criativas e pesquisas. Isso inclui soluções como o uso de cortinas como telas de projeção ou o uso das divisórias como superfícies digitais.